sexta-feira, 6 de julho de 2012

O NOME DO BLOG

     Levei quase um ano para achar o nome certo para meu blog. Estava procurando um que englobasse minhas atividades preferidas: escrever, ler, fazer artesanato e cultivar orquídeas. Todos que eu supunha bons, já existiam. Até que um dia deu um estalo e falei: Mãos pensativas. Mente e mãos. Primeiro verifiquei se não existia um blog com esse nome. Não havia; então o registrei depressa. Mas vi que essa expressão "mãos pensativas" aparecia muitas vezes. E não é que ela está no fascinante livro Romanceiro da Inconfidência* da Cecilia Meireles? Há anos eu havia lido e relido o livro para uma dar uma palestra sobre a escritora e me encantara com ele!  
     A nossa mente é um arquivo mesmo. E há gavetas que ficam anos fechadas e no momento certo elas se abrem sozinhas, sem que você tivesse a intenção. Fiquei surpresa e feliz com o "achado". Além do nome ser exato para o que eu queria, ainda faço com ele uma homenagem a essa extraordinária poeta: " Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta". 

 

Excerto do Romance XXIV ou DA BANDEIRA DA INCONFIDÊNCIA


"Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
brilham fardas e casacas,
junto com batinas pretas.
E há finas mãos pensativas,
entre galões, sedas, rendas,
e há grossas mãos vigorosas,
de unhas fortes, duras veias.
E há mãos de púlpitos e altares,
de evangelhos, cruzes, bençãos."



*Livro lançado em 1953 e escrito na década de quarenta quando Cecilia visitava Ouro Preto (MG), como jornalista, para documentar os eventos da Semana Santa. Enfoca a história de Minas Gerais dos inícios da colonização até a Inconfidência Mineira, ocorrida em fins do século 18, e reúne 84 "romances" (poemas épico-líricos cuja inspiração está na tradição popular hispânica), mais quatro "cenários" e textos que funcionam como prólogo e epílogo.
Poeta essencialmente da sonoridade, mesmo tratando de uma questão histórica, Cecília Meireles imprime nessa obra a sua marca registrada, a musicalidade. Há uma aglutinação entre o lírico e o épico. A trama é mostrada com ênfase em silêncios, rumores, portas trancadas e encontros à luz de velas. Valoriza-se a atmosfera da conspiração, o medo constante de ser pego e o drama psicológico de quem tem algo que, se descoberto, pode levar à morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário