terça-feira, 24 de junho de 2014

TARDE DE PESCARIA

na rede do tempo
                   a idade pesca lembranças
agarradas às treliças da varanda
                   samambaias rendadas
                   sacodem suas saias rodadas
a brisa da tarde
                   invade a sombra
um sol filtrado fosco
                   colore de laranja o horizonte
poeira dourada brinca
                   suspensa nas frestas de luz
uma velha cochila no balanço
                   e sorri quando se vê criança
                   enroscada na infância

                   nas tramas daquela rede 


     Este é um poema que escrevi numa roda de poesia, há muitos anos. 
     Ontem, terminei de ler o livro "Para sempre teu, Caio F., da Paula Dip. Olha o que encontrei nas páginas finais, numa carta que Caio enviou a Paula, em 15 de abril de 1994, de Paris: 
"[...] Material para o baú da memória e lá estarei eu daqui a 20 anos na minha cadeira de balanço [...] nessa espécie de pescaria do tempo [...]"

   Falando do Caio para minha amiga-poeta Rosana Banharoli, há uns quinze dias, comentei que sinto uma proximidade tão grande com esse escritor, que me foi apresentado há apenas dois anos, na Pós-Graduação, e pelo qual me apaixonei de cara, e tenho encontrado coisas assim, fiapos de expressões que ambos usamos em nossos escritos... Não, não estou fazendo comparações! Caio era um gênio! Mas de um jeito amargurado que me toca a alma. E, às vezes, coincidências como essa me fazem pensar que, bem lá no fundo do nosso entender a vida, temos algo em comum...  

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