terça-feira, 23 de outubro de 2012

HOMENAGEM EM PONTOS E VERSOS



23.10.2012 - BODAS DE ALGODÃO 
MARCELA E RENAN COMPLETAM DOIS ANOS DE CASAMENTO

Queridos,
que a vida a dois lhes seja leve como o algodão...



CASAMENTO É...


um entrelaçamento
de pontos
de cores
de sonhos

um congraçamento
de ideias
de esforços
de objetivos

um amadurecimento
de amizade
de proximidadede
 cumplicidade


um treinamento
de paciência
de compreensão
de doação

um alinhamento
de passado
de presente
de futuro

um juramento
de amor
de união
     de eternidade...
                                                                             Maria Angela Alvares Cacioli - 23.10.2010



Para o grande dia


também bordei o paletó do Sapoquê
com as iniciais dos noivos,  
  
A foto do casal, tirada no começo do namoro,
bordei em ponto-cruz;                     
  
 


 
e escrevi o pequeno poema,
acima transcrito.


  




   
 
    
    





A foto original
A mesa do salão de entrada da festa
 
Marcela e o Sapoquê





  


  


 





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

PRECIOSIDADES QUE SE ENCONTRAM NA VIDA E NA MINHA ESTANTE - MÁRIO CHAMIE E LYGIA FAGUNDES TELLES



 
A originalidade de Mário Chamie é plural. Não se repete, tão diversa se apresenta. Imprevistos. Impossíveis. Sugere ionescamente absurdos..."          Gilberto Freyre


        Em maio de 1998, estivemos, Leandro e eu, no lançamento do livro de poesias CARAVANA CONTRÁRIA, do escritor MÁRIO CHAMIE. Trouxemos, com orgulho, um autógrafo do senhor simpático que era, na época, um professor muito querido pelo meu filho, na ESPM. Ficamos entristecidos com sua recente partida. 
(Acompanhe a Folha.com no Twitter - 03/07/2011 - Morreu aos 78 anos o poeta e ex-secretário de Cultura de São Paulo Mário Chamie.)

Para a escritora Lygia Fagundes Telles, ele foi um "grande poeta" muito original. "Foi meu colega na faculdade de direito do Largo de São Francisco. Tinha também uma personalidade muito polêmica, opiniões muito fortes", conta. (Folha.com no Twitter - 03/07/2011)


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      Estava eu a cursar o segundo ano da Faculdade de Letras na Fundação Santo André, quando, em junho de 1974, tivemos a honra de receber a escritora LYGIA FAGUNDES TELLES para uma palestra, no auge de seus cinquenta e um anos: bonita, simpática e elegante. 
     Dois fatos marcantes, eu diria tragicômicos, aconteceram nesse dia. Em 2007 enviei, por e-mail, uma carta à Senhora Lygia, através de suas agentes, contando-os. Vai aqui transcrita a carta que nunca soube se ela leu:


CARTA A LYGIA FAGUNDES TELLES

                           Iniciada em 14.06.2005 – Terminada em 12.12.2007

Cara senhora Lygia,

Por favor, leia minha carta até o fim. Garanto que a senhora irá sorrir ou, quem sabe, até dar umas boas risadas com o que vou lhe contar.
Antes de mais nada, preciso parabenizá-la pelo merecido Prêmio Camões que a
senhora acaba de receber. Sou sua fã incondicional.
Bem, é necessário que eu também lhe conte que consegui seu endereço eletrônico escarafunchando na internet. Maravilha de instrumento! A senhora vê: consegui até encontrá-la. Garanto que não foi fácil; fiquei dias e dias entrando em tudo quanto é site onde aparecia o seu nome até que, de repente, quando eu já perdia as esperanças, ele surge escondidinho no meio de um monte de outras informações. Ah! vi até fotos da senhora menina, da senhora de beca, e depois – ô glória! – sendo empossada na Academia Brasileira de Letras. Lugar que lhe é de direito pela sua valorosa obra literária. Não é como umas certas pessoas que estão lá e não deviam. Bom, não vou nem entrar no mérito da questão.     
Onde eu estava mesmo? No começo desta carta. Posso dizer que estou escrevendo uma carta? Sei lá, parece coisa tão antiga escrever cartas. Hoje escreve-se e-mail e envia-se tudo pela rede. As cartas não têm mais textura, não têm mais perfume, não têm mais contato humano... É o preço da modernidade.
Voltando – nossa, já estou ficando tonta de tanto voltar –  A senhora sabe que já nos encontramos face a face há uns 33 anos (Cristo até teria tido tempo de nascer e morrer nesta terra em tal espaço de tempo!). Garanto que a senhora não vai se lembrar. Pudera! Quantos milhares de admiradores já não fizeram fila perante a sua afável figura mendigando um autógrafo?
Mas eu lembro daquela noite de junho de 1974 como se fosse ontem. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André estava em polvorosa porque receberia a famosa Lygia Fagundes Telles em seu anfiteatro lotado de jovens estudantes. Eu era um deles ao lado da minha grande amiga Regina. Ambas havíamos comprado livros para receber a sua honrosa dedicatória. Combinamos de comprar títulos diferentes porque depois poderíamos ler os dois e assim economizaríamos um dinheirinho, tão suado quando se trabalha de dia para poder pagar os estudos, à noite. Assim, comprei “Ciranda de pedra” e a Regina, “Verão no aquário”.
A palestra foi muito interessante e eu a anotei toda em taquigrafia com duas vantagens: não perdi uma palavra sequer do que a senhora falou e ainda treinei para as aulas que estava tendo. Guardei aquelas páginas com todo carinho e quando fui encontrá-las, muitos anos mais tarde, constatei que não lembrava mais do código e acabei tendo como que uma preciosidade nas mãos, escrita em hieróglifos.
Uma pena perder suas palavras mas o importante é que não perdi a lembrança daquela noite mágica para mim. Finda a palestra, como de praxe, formou-se a fila para os autógrafos e estávamos lá, as duas amigas, prestes a encará-la, a fitar um ídolo nos olhos. Também como é de costume, a fila demorou a andar e o noivo da Regina veio buscá-la na Faculdade. Ele era meio invocado e ela tinha um medo danado dele. Engraçado, casaram e a situação continuou a mesma por vinte e cinco anos, quando então se divorciaram. Bom, perdoe-me a indiscrição mas acho que se, naquela noite, a Regina não tivesse saído da fila para ir embora antes que o noivo ficasse bravo com o atraso, os dois poderiam ter brigado, desmanchado o noivado e tido uma vida mais feliz, cada qual no seu canto.
Voltando à fila. - olha eu voltando de novo; parece vício! – Bom, a Regina, antes de sair, entregou-me seu livro para que eu pegasse o autógrafo nele. Depois de meia hora mais ou menos, chegou a minha vez. Entreguei-lhe o livro da Regina. A senhora olhou-me e perguntou com um sorriso gentil o meu nome. Fiquei extasiada. Era a primeira vez que eu pegava autógrafo de alguém e não sabia qual era o processo. Abrindo o livro da minha amiga, a senhora começou “Para Maria Angela....” e eu esbocei um “não” tão baixo, mas a senhora escutou e olhou-me, perguntando o que era. Não consegui dizer que o autógrafo era para a Maria Regina (éramos dos tempos das Marias) e simplesmente completei, sorrindo encabulada: “Nada, nada”. Fiquei tão confusa que passei-lhe o outro livro, aquele que havia comprado para mim, e a senhora perguntou-me: “Nome?” E eu repeti meu nome (afinal eu o havia adquirido para mim!).
Só quando saí do anfiteatro e recuperei o fôlego é que recuperei também a razão: minha amiga ficara sem autógrafo.  Ambos os livros estavam dedicados gentilmente a mim. Difícil foi explicar-lhe a situação e encarar sua decepção. O máximo que pude fazer foi uma dedicatória, embaixo da sua, oferecendo-lhe o livro que ela comprara e do qual eu roubara o autógrafo e que, por pura falta de idéia, nem a despesa reembolsei.
A culpa foi do noivo que veio buscá-la antes da hora. Foi também da senhora que me deixou embasbacada. Mas pelo menos tenho sempre uma boa história para contar do dia em que encontrei a grande Lygia Fagundes Telles. 

 
agentes da Lygia Fagundes Telles, em 2007:

portal literal:  valeska jabur zamboni - valeska@literal.com.br
www.agenciariff.com.br

Vou colocar aqui o endereço do blog da comunidade de Lygia Fagundes Telles, para quem tiver interesse de visitar:


Caio Fernando Abreu e o menino-poeta do conto de Mia Couto



“Ô João, ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis, e a minha saída (uma saída gostosa) tem sido essa: a literatura”

                                          (Caio Fernando Abreu em carta a João Silvério Trevisan)


Esta frase "conversa" com o menino que escrevia versos para desabafar no papel a sua angústia, não acham? 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O MENINO QUE ESCREVIA VERSOS - Mia Couto


"...Mas eis que começaram a aparecer, pelos recantos da casa, papéis rabiscados com versos. O filho confessou, sem pestanejo, autoria do feito.
    - São meus versos, sim.
    O pai logo sentenciaria: havia que tirar o miúdo da escola. Aquilo era coisa de estudos a mais...Pois o rapaz...se acabrunhava nas penumbras e, pior ainda, escrevia versos. O que se passava: mariquice intelectual? Ou carburador entupido, avarias dessas que a vida do homem se queda em ponto morto?
...O pai...exigiu: então que fosse examinado.
...O que urgia era pôr cobro àquela vergonha familiar.
        Olhos baixos, o médico escutou tudo...Com enfado, o clínico se dirigiu ao menino:
    - Dói-te alguma coisa?
    - Dói-me a vida, doutor.
         O médico estranhou o miúdo...
         A mãe, em desespero, pediu clemência. O doutor que desse ao menos uma vista de olhos pelo caderninho dos versos. A ver se ali catava o motivo de tão grave distúrbio. Contrafeito, o médico aceitou e guardou o manuscrito na gaveta. A mãe que viesse na próxima semana. E trouxesse o paciente.
    Na semana seguinte...o médico taciturneou: o miúdo não teria, por acaso, mais versos? O menino não entendeu.
    - Não continuas a escrever?
    - Isto que faço não é escrever, doutor. Estou, sim, a viver. Tenho este pedaço de vida - disse, apontando um novo caderninho - quase a meio.
     O médico chamou a mãe, à parte. Que aquilo era mais grave...carecia internamento urgente...Que ele mesmo assumiria as despesas. E que seria ali mesmo, na sua clínica...
    Hoje quem visita o consultório raramente encontra o médico...ele senta num recanto do quarto onde está internado o menino...Quem passa pode escutar a voz pausada...que vai lendo, verso a verso, o seu próprio coração. E o médico, abreviando silêncios:
  - Não pare, meu filho. Continue lendo..."


COUTO, Mia.  O fio das missangas. São Paulo. Cia.das Letras. 2011 
Trecho do conto  O menino que escrevia versos
A editora optou por manter a grafia do português de Moçambique, terra do escritor.

A PRIMAVERA É GRÁVIDA DE BELEZA


ONCIDIUM SHARRY BABY
com perfume de chocolate





quinta-feira, 4 de outubro de 2012

USE AS REGRAS DE PONTUAÇÃO E SALVE SEU CASAMENTO

                                                                Maria Angela Alvares Cacioli                                                                                                                            

         Havia dois anos, eu sofrera um acidente de carro e minha coluna tinha sido seriamente afetada. Dores horríveis tornaram minha vida um inferno. Tudo fora tentado. Em vão. Até que, numa das minhas peregrinações por salas de espera de hospital, alguém falou-me de um parente que tivera problema semelhante e encontrara grande alívio com um novo tipo de tratamento fisioterapêutico chamado RPG, empregado pelo Dr. Olavo. Se eu já conhecia? Respondi que não: nem o tratamento nem o médico. Acabei ficando com o telefone do tal parente, para maiores informações. Quando liguei, o Seu Agenor falou-me maravilhas do Dr. Olavo: eu não deveria deixar de procurá-lo.
        Cheia de esperanças, marquei uma consulta pois eu ainda esperava por um milagre. A confiança que aquele médico demonstrou, quando o conheci, acabou por me convencer de que existia uma chance para o meu caso. Não seria um tratamento rápido, ele me alertou. No mínimo, um ano. Para isso reservei uma hora semanal na minha agenda. Com o passar dos meses as dores foram diminuindo e eu já podia viver sem os analgésicos. Em todas as sessões, o Dr. Olavo incentivava-me a continuar o tratamento e a minha visível melhora encorajava-me. Não faltei um dia sequer, pois tinha medo de um retrocesso.
        O convívio constante acabou por tornar a nossa relação bastante cordial. O seu  jeito educado de me tratar, sua fala mansa e olhar doce criaram uma teia ao meu redor: eu era o inseto indefeso e ele a aranha voraz. Não, ele não era voraz: eu é que sempre tivera tendência a me deixar envolver. Carência, talvez. Esta necessidade imperiosa de ser aceita pelos outros. Por que não fico intimamente contente com minhas realizações, precisando invariavelmente da aprovação das pessoas que me rodeiam? Necessidade de autoafirmação, desejo de sentir que importo para alguém, sei lá! E ele era tão gentil!
Numa determinada manhã de quinta-feira, dia de tratamento, nem me dei conta de que estava cuidando de modo especial da minha aparência. Eu era uma mulher de meia-idade, a quem precisava impressionar? Que motivo secreto estava me movendo? Talvez o espelho que me olhava pudesse responder. Às dez horas, saí de casa. O trajeto até o consultório, que normalmente não me tomava mais do que vinte minutos, arrastou-se por quase uma hora. Na rua havia caminhões demais, carros velhos vagarosos demais e eu com paciência de menos, querendo chegar logo. “Meu Deus, preciso me controlar!”  Fiz com perfeição a manobra para colocar o carro na vaga estreita. Estaria ele reparando nisto? “Seja dona de seus atos”, pensei e desci do carro procurando andar com elegância: ele poderia estar olhando. Fiquei frustrada quando a porta de vidro foi aberta pela recepcionista. Olavo nem estava ali. Tanto charme jogado fora. Tola. Aguardei para ser atendida. Com aquele olhar que parecia querer se esquivar enquanto me encarava, Olavo veio até a recepção e chamou pelo meu nome. Eu gostava desse seu modo pessoal de tratar os pacientes. Segui-o até sua sala. Achava educado ele virar-se de costas enquanto esperava que eu despisse parte de minhas roupas. Minha cabeça rodava. Deitei-me de bruços sobre a maca forrada com um lençol cor-de-rosa. Suas mãos começaram a percorrer minha espinha. Senti um leve tremor. Ele notara? Eu não sabia se queria deixar transparecer ou ocultar a minha ansiedade. Estava ao mesmo tempo surpresa e assustada com meus pensamentos e com as reações de meu corpo de mulher, que deixavam a pele levemente suada e a circulação acelerada. Olavo agia profissionalmente; se percebeu alguma alteração, não demonstrou. Enquanto me comprimia com seus dedos experientes, puxou conversa sobre as notícias da semana. Ainda bem! Eu precisava de algo para afugentar meus desejos. Obedeci sua ordem de levantar-me como um autômato. Vesti-me enquanto ele recolhia o lençol usado e pegava outro no armário branco de fórmica. Virei-me para apanhar a bolsa. Foi quando ele também se virou. Esbarramos involuntariamente um no outro. Ergui meus olhos (traidores!) e encontrei os dele perscrutando meu rosto. Entre as reticências e as vias de fato foi tudo tão rápido, tão inesperado. No instante seguinte eu estava em seus braços e nossas bocas se procuraram com sofreguidão. Desvencilhei-me de seus braços e saí atordoada, deixando-o plantado ali, com as palavras suspensas nos lábios. Sabia que se ficasse estaria para sempre presa (ah!, a teia). Segui pelo corredor, passei a porta a ganhei a rua. Entrei no carro. Sentia remorso, pensava em meu marido. Sim, eu era casada havia vinte e dois anos e aquilo nunca acontecera antes. Eu estava apavorada.
Voltando para casa, comecei a me acalmar e refletir. Não adiantava procurar pelo culpado. Não havia culpa. Eu precisava me convencer disso. Repassei a cena. Sorri. Sentia-me novamente mulher, sentia-me novamente jovem. Era uma conquista para mim, apesar da situação criada. Se eu não contasse para ninguém, nada mudaria na minha vida. Aquilo havia sido apenas um descuido. Era só encarar como uma pequena travessura. Mas será que eu poderia conviver com ela?  Será que eu poderia tornar a ver Olavo, explicando-lhe que tudo deveria parar por ali? A minha tortura íntima não era o ocorrido em si; incomodava-me ter gostado da situação, ter-me sentido novamente cheia de vida enquanto seus lábios fundiam-se aos meus e nossos corpos se colavam, acendendo algo que minha memória quase esquecera. O que acabou se tornando um pesadelo, com o passar dos dias, foi a vontade que eu tinha de que tudo acontecesse novamente. E eu estava convicta de que não podia. O olhar inocente do meu marido me cruxificava. O deslize tinha sido acidental mas deixaria de sê-lo, caso se repetisse. Pus fim nas possibilidades e no tratamento, alegando já estar curada.
Passaram-se muitos anos. Mesmo tendo aprendido a aceitar mais as falhas humanas, meu “caso” nunca foi bem assimilado pela minha consciência. Se consegui ocultar o fato de todos, nunca pude escondê-lo de mim mesma.
Na noite deste último sábado, como estivesse um tempo chuvoso e frio, meu marido abriu uma garrafa de vinho e acendeu a lareira. Sentados no tapete da sala, em torno da mesa de centro, ficamos conversando até que, instigada pela perigosa mistura de calor e álcool, parecendo querer “cutucar onça com vara curta”, perguntei se ele já havia me traído. Rindo, Heitor alegou que, quando éramos noivos, ele havia beijado uma colega da Faculdade. Isso era traição? Ante meu olhar perplexo, ele justificou-se:
– Mas foi só um beijo, Nininha.
- Só um beijo?, indignei-me
- Só um beijo, ele retrucou.
- Só um beijo!, exclamei,  para logo em seguida acrescentar, confirmando:
- Só um beijo. E pensei em Olavo.  
        Aproveitando o gancho, de meu marido emprestei a fala para realizar a minha catarse. Ele nem percebeu a sutileza da transmutação: da interrogação passei à exclamação e arrematei com um ponto final, tornando minha frase uma confissão. Eu falei tudo, sem dizer nada. Toda velha culpa se dissipou com o uso simples e adequado da pontuação. Perdoei Heitor e me perdoei. Estamos quites.

ATÉ A GALINHA GOSTA DE FLOR - ARTESANATO - APLIQUÉ

OS "DENDROBIUM" DÃO O AR DA GRAÇA


LIVRO...LUZ DO SABER

DUPLICADO

                                                Maria Angela Alvares Cacioli

 

Entre lápides e mortos
despontas em forma viva
não tu mas outro que partilha 
teu sangue teu nome teus pais

Envias um mensageiro
e me tiras o sono
me torces o peito
me levas a paz

Levantas da cova rasa
em que te guardei
despertando sons sabores odores
- toda lembrança que em mim jaz -

Verte das minhas entranhas
um sangue coagulado 
pois que o inesperado - traiçoeiro -
fere a cicatriz com uma faca voraz

E eu num misto de gozo e dor
deixo teu rosto insepulto
adentrar essa poesia
- uma visita que a memória traz -