Maria Angela Alvares Cacioli - 23/03/2012
Nossa, como você está gelada. Vem cá meu anjo. O corpinho macio, cheirando a bebê, se aconchega no pai. Encosta os pezinhos nos do papai, que logo esquenta. Põe as mãos aqui pro papai esquentar.
Na sala, a mãe assiste ao programa cruel com nome de pureza: sapato branco. Na cama, a menininha aquecida, adormece.
E cresce. Sempre com frio. O pai olha pra ela: é a mãe renovada.
Arruma o primeiro namorado. Não engata. O segundo também não. Já com o terceiro a coisa parece séria.
Antes que qualquer coisa possa acontecer o pai sentencia: o primeiro homem da minha filha tem que ser eu. A mãe nada diz. Foi assim com as outras duas filhas, agora casadas, morando bem longe.
E o Anjo-da-guarda do anjo do papai fecha os olhos outra vez.
E mais uma vez. Mais duas. Mais não sei quantas.
A faca de churrasco ela pega no armário. O quarto parece um matadouro.
Desgraçados, vão queimar no inferno, que com Deus eu me entendo.
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