sábado, 25 de agosto de 2012

LIVRO É SINÔNIMO DE PAIXÃO

   


   AMANTE
                                                                      
                                          Maria Angela Alvares Cacioli 
Foto: Livro, pra mim, é sinônimo de paixão.                                                  
Em asas de borboleta
      escrevi a minha dita
Na cor da violeta
      imprimi a minha rima:

Sou feliz
      sou aprendiz do amor
Sou carente
      do sabor da tua boca
      do calor da tua roupa
Sou escrava

      do favor dos teus agrados

      do fervor dos teus afagos

Estou nua
      Verdade crua?
      : sou tua

terça-feira, 14 de agosto de 2012

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PENSAMENTO

foto de O Bosque de Berkana                


"Às vezes você tem que morrer por dentro para levantar-se das suas próprias cinzas e acreditar em si mesmo e amar a si mesmo para se tornar uma nova pessoa".
               Susana Hilmer







Maria Angela Alvares Cacioli

Vai pensamento selvagem
corre como uma fera
ninguém há de te deitar rédeas
és minha cria indomada
teu galope é minha energia
por ti extrapolo os limites
dos meus ossos
da minha carne
ganho asas alço vôo
além da clausura de mim

Vai pensamento em viagem
transpondo tempo e espaço
ninguém há de te colocar freios
és fruto de minha euforia
tua liberdade é meu trunfo
contigo sonho acordada
vou além do que posso
desatando o meu laço
esculpindo minha vontade
e encontro o meu passo

Vai pensamento sob camuflagem
escondendo as minhas vontades
ninguém há de te condenar
és meu bem insondável
teu segredo é minha ousadia
através de ti imagino o que gosto
respondo o que quero
transformo a realidade
realizo o impossível 
crio minhas miragens

Vai pensamento em refilmagem
resgatando os meus espólios
ninguém há de te impedir
és minha mola  propulsora
tua existência é minha razão
em ti recolho as angústias
coloco as tristezas em pilha
ato fogo nos escombros
faço uma prece de despedida
e renasço das cinzas


Poema publicado na coletânea MARCAS DO TEMPO IV - "Concurso Nacional de Poesia", organizado pela Biblioteca Pública Municipal de Descalvado - SP - 2002

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vai para o blog...tem tudo a ver

COELOGYNE FLÁCIDA


Este vaso amanheceu assim lindo, com 64 flores!
Uma chuva de estrelas...

MEU ANJO

                                                      Maria Angela Alvares Cacioli - 23/03/2012

                           Outono, inverno, sei lá. Tá frio, mãe. Olha lá, vai começar o programa. É proibido pra criança. Vai dormir com teu pai, vai. Mas eu queria ficar aqui. Não pode: é muito forte. Vai, vai indo. Na tela, Jacinto Figueira Jr. - O Homem do Sapato Branco - diz que as cenas serão fortes. Só uma vez ela deixou eu ficar. Era um programa feito num matadouro. Forte não, estarrecedor. Fui deitar com meu pai.
                          Nossa, como você está gelada. Vem cá meu anjo. O corpinho macio, cheirando a bebê, se aconchega no pai. Encosta os pezinhos nos do papai, que logo esquenta. Põe as mãos aqui pro papai esquentar.
                          Na sala, a mãe assiste ao programa cruel com nome de pureza: sapato branco. Na cama, a menininha aquecida, adormece.
                          E cresce. Sempre com frio. O pai olha pra ela: é a mãe renovada.
                          Arruma o primeiro namorado. Não engata. O segundo também não. Já com o terceiro a coisa parece séria.
                          Antes que qualquer coisa possa acontecer o pai sentencia: o primeiro homem da minha filha tem que ser eu. A mãe nada diz. Foi assim com as outras duas filhas, agora casadas, morando bem longe.   
                           E o Anjo-da-guarda do anjo do papai fecha os olhos outra vez.
                           E mais uma vez. Mais duas. Mais não sei quantas.
                           A faca de churrasco ela pega no armário. O quarto parece um matadouro.
                           Desgraçados, vão queimar no inferno, que com Deus eu me entendo.


            Na pós-graduação que estou fazendo, um dos módulos estudava a Literatura contemporânea, mais especificamente contos dos escritores denominados Pós-utópicos, uma novidade para mim. Algumas de suas características, entre outras, são urbanidade, solidão, ambiguidade, contundência, sexualidade exacerbada ou grotesca, pouca extensão e adjetivação; são, portanto curtos e enxutos. Então decidi escrever um conto pós-utópico e me atrevi a submetê-lo à apreciação do professor. Ele aprovou!