Maria Angela Alvares Cacioli
Mastigo grãos de chuva
com sabor de vento
e cheiro de terra úmida
Batizo o corpo nu
tomando banho de primavera
depois do temporal
Galopo agarrada à crina dourada do trigal
deixando no ar um rasto de riso
quando a língua da brisa cócegas me faz
Balançando nas tranças do arco-íris
sou criança solta no campo
a ruminar liberdade
Chapinhando em reflexos de nuvens
piso com pés inocentes o joio
e o céu desenhado no meio da lama
Feixes de luz fendem a coberta esburacada do céu
um sol novo sorve sedento as poças do caminho
e a minha natureza lavada respinga gotas de
satisfação