sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

MARINA ROLIM - A POESIA ESTÁ DE LUTO

ABRAÇOS INVISÍVEIS

Sentir-me
semente
germinando ainda
em terra quente
e úmida
Raízes-cabelos
adentrando
pelos espaços vazios
na eclosão
de vida
de célula tumefata
Procurar no alto
a luz
a liberdade
os movimentos
quase coordenados
em abraços
invisíveis
E nascer
plena de otimismo
e alegria



Com esse poema de abertura do livro "Reminiscências", Marina Rolim foi representante da Baixada Santista na Fase Regional e levou o 1º lugar no Mapa Cultural 2001/2002, São Vicente/SP.









Assim era Marina, "plena de otimismo e alegria".
Que continue a poetar aonde quer que esteja!

Já sinto saudades...



Projeto "Quatro Dedos de Prosa" - 30.04.1999
Espaço dos Escritores
Biblioteca Municipal Nair Lacerda de Santo André


E aqui deixo o poema que sempre me fará lembrar da voz firme com que declamava suas composições:

FOTOS ANTIGAS

Fotos antigas
mostram
mulheres tão diferentes
(seriam a mesma?)
Como reconhecer-se
nestes retratos velhos
que eternizaram
mulheres que não mais
existem
e sendo eu mesma
deixaram de ser
o que já fui.


sábado, 7 de dezembro de 2013

ESPECIALISTA EM LITERATURA E LINGUÍSTICA

Ontem, 05.12.2013, me tornei Especialista em Literatura e Linguística. Sonho acalentado por muitos anos e agora, com 59 anos de idade, realizado! Nunca deixem de buscar a realização porque a idade que importa é a da alma!





 Compartilho, com todos meus amigos que torceram por mim e com aqueles que me acompanharam nessa jornada, alguns momentos desse dia especial, junto com meus agradecimentos. Aqui vão as fotos da defesa de tese com meu orientador, Eduardo Araújo Teixeira, com as professoras da banca, Suzana Ventura e Irene Scótolo e da pequena plateia: meu querido apoio, sempre presente,Valdir Cacioli e meu filho Leandro Cacioli.







































sábado, 26 de outubro de 2013

PORNOGRAFIA E EROTISMO NA LITERATURA – OFICINA LITERÁRIA COM JOÃO SILVÉRIO TREVISAN

Esta atividade fez parte da
Ocupação H - Especial em homenagem à escritora Hilda Hilst
De 28.09 a 26.10.2013 - SESC SANTO ANDRÉ





Erotismo e pornografia refletem a moral vigente nas diferentes sociedades: ela depende do tipo de cultura, [do] período histórico e [do] espaço geográfico, mas também dos indivíduos que a entendem e praticam conforme sua convicção, inclusive religiosa. A literatura está permeada por obras que no passado foram consideradas [como] obscenas e receberam forte reprovação seguida de censura. Nos dias atuais, a censura tende a ser mais permissiva, mas essa permissividade é falaciosa, pois implica a determinação do que pode ou não ser aceitável. Pensar e examinar tais temas implica trabalhar com os inevitáveis demônios da alma humana. Os criadores que ousam explorar o universo dos seus demônios internos estão ensinando a sociedade e seu tempo a reconhecer uma parte importante da psique humana. Esse tem sido, por exemplo, o papel do Marquês de Sade – tal como o
entende Simone de Beauvoir. Não há como domesticar o que nasceu para não ser domado. Muitos autores existem para vergastar a moral social. A atividade abordará obras de escritores/as que criaram no terreno escorregadio do erotismo e, mais radicalmente, da pornografia. Os encontros vão discutir a relação entre moral e erotismo/pornografia, propor leituras de textos de autores/as consagrados, debater sua abordagem [da temática] erótica/pornográfica e [possíveis] realizar exercícios de escrita a partir de temáticas transgressivas. Algumas vezes se trabalhará com adaptações cinematográficas de obras literárias “problemáticas”, para examinar as diferentes soluções encontradas pela expressão em palavras ou em imagens. Escritor de literatura ficcional, ensaística e infanto-juvenil, João Silvério Trevisan tem 12 livros publicados, entre ensaios, romances e contos, além de trabalhos como roteirista e diretor de cinema, dramaturgo, jornalista e tradutor. Recebeu três vezes o Prêmio Jabuti e três vezes o Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA), o último deles com seu mais recente romance: Rei do Cheiro (Ed. Record, 2009). Entre os títulos de sua autoria estão o romance Ana em Veneza, o volume de contos Troços e destroços, os ensaios reunidos em Pedaço de mim e o livro Devassos no paraíso, considerado o mais importante estudo sobre a cultura homossexual no Brasil. É reconhecido como um dos primeiros autores brasileiros de literatura homoerótica e um dos fundadores do movimento homossexual. 


Oficina finalizada, com direito a fotos do/com o João e autógrafo em seu livro "Em nome do desejo"   




Nota: Comentário de Caio Fernando Abreu







"Literatura é a linguagem carregada de significado até o máximo grau possível"
                                                                          Erza Pound



                  Para complementar, segue o poema erótico que fiz e apresentei na Oficina:

FOTOSSÍNTESE
                               Maria Angela Alvares Cacioli

No âmago das florestas
no burburinho dos parques
no cantinho dos jardins

devassas raízes
trespassam a terra
confiscam-lhe a castidade

com bocas vorazes
sugam a seiva
do solo em êxtase

a luz excita elétrons
clorofila água glicose
numa mistura singular

a linfa vibra
movimento alucinado
de enzimático vaivém

a planta em gozo
verte o verde
inunda a natureza

e de cigarro na boca
solta anéis de oxigênio
no silêncio do depois

terça-feira, 15 de outubro de 2013

COINCIDÊNCIAS (?) DA VIDA

Sabe quanto vc nem acredita no que acontece? Coisa boba, dirão. Mas para quem sabe que venho estudando com muito carinho e afinco o Caio Fernando Abreu na minha Pós, deve imaginar como estou me sentindo exatamente neste momento. Acabo de abrir meu gmail, o que faço bem raramente, e encontro um e-mail do João Silvério Trevisan, escritor com quem estou fazendo um curso no SESC no momento. Respondo o e-mail e em seguida chega a resposta dele. Sabe quem é o João? Uma das inúmeras pessoas que recebia cartas particulares do Caio. E hoje eu recebi uma correspondência do João!!! Coincidências da vida! (?)


CONTO DO CAIO

Trev
4 de out (10 dias atrás)
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
Olá, Maria Angela: vc teria o conto do Caio digitado para projetar na oficina...

https://mail.google.com/mail/c/photos/public/AIbEiAIAAABDCPblrrrutZL7PyILdmNhcmRfcGhvdG8qKGQxMzZiOWY4NzdmNmRiNTE4ODVhZDMzOWY1YzkyMzhmY2MyYTc0ODEwAer4UCj_tlmnrZB7w883QF5nusaK?sz=32
Maria Angela Alvares Cacioli
23:10 (30 minutos atrás)
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
João, só abri o gmail hoje, 14/10. Um pouco atrasada, não? Desculpe. Abraço M...
https://ssl.gstatic.com/ui/v1/icons/mail/profile_mask2.png
Trev
23:35 (6 minutos atrás)
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
para mim
https://mail.google.com/mail/images/cleardot.gif
No problems, dear.
Até sábado.
Abraço,
João Silvério Trevisan

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

UM POEMA EM CADA ÁRVORE

Meu poema na árvore


 
 O ARTÍFICE



Quero ser um escultor

de palavras
pegar o tronco virgem
e burilar versos
brandir o machado
e dos galhos tortos
entalhar crônicas
domar a madeira selvagem
mantê-la dócil
e construir romances
lixar as ranhuras e nós
e criar trovas
lustrar o lenho
e sonhar contos
passar o verniz
e dar acabamento
à inspiração


UM POEMA EM CADA ÁRVORE
Mobilização Nacional 2013
Articulação Nacional: Instituto PSIA
Articulação Local: Ana Maria Fuhr

Esta é uma ação de incentivo à leitura idealizada pelo poeta Marcelo Rocha e realizada mensalmente pelo Instituto PSIA na cidade de Governador Valadares/MG desde agosto de 2010.
Nesta edição comemorativa do Dia Nacional da Árvore a ação acontece simultaneamente em diversas cidades brasileiras, como parte de uma mobilização envolvendo uma rede de poetas, educadores, estudantes, agentes culturais e sociais.

21.09.2013 - Santo André (SP)
 — em Parque Celso Daniel

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

ESTAÇÕES DO FEMININO


Quando você chegou
fui primavera
me vesti de flores
me transmudei em ninfa
enverguei vestes diáfanas
e tinha cheiro de candura

Quando você ficou
me transformei em verão
era um ninho tórrido
o sorriso brilhava como sol
e meu corpo de ondas
te afogava como o mar

Quando você cansou
murchei como as folhas
sopradas pelo vento
girando em redemoinho
outono cansado
triste como um lamento

Quando você se foi
fiquei qual planta seca
sem flor de fruto ausente
árvore sem copa nem sombra
sem vida sem seiva
só neve congelando nas veias

Mas amanhã o gelo derreterá
se aquecerá meu coração
em meus galhos verdejantes
pássaros voltarão a cantar
pois a primavera prenhe de botões
anuncia nova florada

Poema apresentado no Sarau "PRIMAVERA"



sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MEU ENCONTRO COM ARIANO SUASSUNA



     A vida nos reserva surpresas, às vezes muito agradáveis. Porque encontrar com Ariano Suassuna, sentar-se ao seu lado e ainda por cima "bater um papinho", não tem preço!
     Em 07 de junho de 2013, fui graciosamente convidada, pela Secretaria de Cultura de Santo André, a participar da recepção a essa encantadora criatura que faria uma apresentação no Teatro Municipal, no dia seguinte.
     No café da tarde que foi oferecido na ocasião, colocaram-se mesas ao longo da mesa de honra. Muito delicadamente, Ariano pediu que as pessoas sentassem ao seu redor. Quanta humildade! E todos nos revezamos para pedir uma foto ou um autógrafo.
     Como eu não tivesse em casa, infelizmente, alguma obra sua, resolvi imprimir um poema de sua autoria para pedir-lhe um autógrafo. Quando sentei-me ao seu lado e expliquei que, por não ter um livro, trouxera um poema e o que valia eram aqueles versos, ele me disse: "Não é que, entre tanta coisa, você foi trazer o meu primeiro poema!" E brindou-me com seu autógrafo, que ficará guardado junto com outros que coleciono, de escritores que admiro. Perguntei-lhe sobre suas influências literárias e ele, com generosidade, sem pompa, ainda se deu ao trabalho de trocar uma prosinha comigo. 
     A palestra do dia seguinte, uma manhã de sábado, lotou o Teatro Municipal. E Ariano Suassuna arrasou! Falou sem parar por duas horas encantando o público com sua verve e, ainda, dançou ao som de uma música flamenca, para explicar que a música pode identificar um povo.
     Momentos bons que a vida nos reserva!